Projeto com Vida Nos Quilombos

Com Vida nos Quilombos é um projeto de apoio às comunidades quilombolas de Barcarena, no Pará, para produção de conteúdos de comunicação voltados para o combate à desinformação sobre a pandemia da covid-19 e sobre a vacinação.

O projeto realizou oficinas para debater as realidades das comunidades e levantar temas que afetam os territórios quilombolas. A primeira oficina tratou sobre fake news e checagem de informações; a segunda oficina foi sobre Produção de pautas e Estratégias de Divulgação; em seguida, os participantes se dividiram em grupos para elaboração de vídeo, spots radiofônicos e cartazes digitais. Como resultado das oficinas, foram produzidas seis peças comunicacionais de cunho educacional e informativo.

Implementado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil, com apoio da Internews, participaram do projeto as comunidades quilombolas São Sebastião de Burajuba, Gibrié de São Lourenço, Sítio São João, Sítio Conceição e Ramal do Cupuaçu, além da parceria com a Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará – Malungu, Centro de Estudo e Defesa do Negro no Pará (Cedenpa) e Movimento Afrodescendente do Pará Mocambo.

Confira as peças de comunicação produzidas:

#vacinasalva

#vidasquilombolasimportam

#quilombo

Advertisement

Vacinômetro Quilombola – Retratos da situação.

O levantamento inédito “Vacinômetro Quilombola – Retratos da situação da vacinação da Covid-19 nos quilombos” realizado com 445 quilombos em todo o país mostra que 43% dos territórios mapeados apresentam algum problema na vacinação contra Covid-19. São 193 quilombos que relataram dificuldades na vacinação, que resulta em uma média de 15.407 quilombolas sem conseguirem se vacinar. O estudo é realizado pela Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), com apoio da Terra de Direitos e da Ecam Projetos Sociais.

Entre os principais problemas mapeados, estão a dificuldade de vacinação de quilombolas não residentes no território por motivo de trabalho ou atuação política em outras localidades, impedimento de vacinação de maridos, esposas e enteados não quilombolas residentes no território, e dificuldade no planejamento e execução da vacinação. Denúncias relativas ao direcionamento de doses a pessoas não quilombolas e de tentativas de pessoas não quilombolas se vacinarem nos quilombos também constam no levantamento.

“Esse levantamento dá um panorama de como as políticas públicas não chegam às nas comunidades quilombolas. Mesmo com uma decisão judicial, muitos quilombos ainda enfrentam dificuldades de vacinação, seja pela não titulação de territórios ou pela falta de planejamento e execução das campanhas de vacinação. Também existem conflitos nos municípios e o não aceite de um grupo da sociedade de quilombolas como grupo prioritário”, analisa Kátia Penha, da Conaq.

Dos 445 quilombos consultados, 346 ainda não são titulados e 33 não foram certificados pela Fundação Cultural Palmares. Vale ressaltar que a demarcação de territórios quilombolas no Governo Bolsonaro atingiu o menor patamar da história.

Em decisão proferida em junho deste ano, o Ministro do STF, Edson Fachin, determinou que a União considere quilombolas não residentes no território no plano de vacinação. Entretanto, a decisão contempla apenas quilombolas que não residam no território por motivos acadêmicos ou de saúde. A delimitação de não residentes apenas nessas categorias é a razão, segundo análise dos dados, de problemas identificados em 54 quilombos.

“Existe um rol maior de quilombolas que não residem em seus territórios. São comunidades expulsas de seus territórios, quilombolas que buscam oportunidades de trabalho e outros que estão em mobilização política. O território é aparato central da luta quilombola, mas não pode ser utilizado para negar direitos. Excluir todo um grupo de quilombolas é contraditório à própria decisão do Ministro e enfraquece a identidade quilombola”, defende Vercilene Dias, assessora jurídica da Terra de Direitos e da Conaq.

Leia a 1ª ediçao do Vacinômetro
http://links.terradedireitos.org.br/accounts/99515/messages/286/clicks/6946/530?envelope_id=202

Processo Seletivo Quilombola e Indígena 2021 na UFPA

Por Cristivan Alves

                Processo Seletivo Especial (PSE) – Estudantes Quilombolas e Indígenas, fizeram a etapa da prova de redação do PSE 2021-2, para concorrer a vagas na Universidade Federal do Pará (UFPA). O PSE aconteceu ontem domingo, 8 de agosto, de 14 às 18 horas. O PSE existe para estudantes quilombolas na UFPA desde 2012.  Nos dias 9 e 11 de setembro acontecerá a etapa da entrevista.

                Segundo o Centro de Processos Seletivos da Universidade Federal do Pará (Ceps/UFPA), que é responsável pelo PSE, “foram homologados 282 indígenas e 1.838 quilombolas habilitados a realizar prova de redação”.

                A UFPA também diz que: “oferta 336 vagas, das quais 168 para indígenas e 168 para quilombolas, em 84 cursos sediados em oito campi universitários distribuídos em todo o estado do Pará”.

                O Processo Seletivo Especial para os quilombolas é um instrumento muito importante para estudantes que lutam por melhores condições de vida nas comunidades quilombolas e por oportunidades no mercado de trabalho, a fim de ter uma vida melhor. A seguir, relatos de estudante que fizeram o PSE 2021 revelam suas perspectivas para a vida pessoal e comunitária.

                Para o estudante da Comunidade Quilombola Carananduba, Município de Acará, Magno Nogueira Siqueira, “é muito importante participar do Processo Seletivo Especial, por causa da dificuldade da nossa comunidade passa, que conseguindo acesso ao curso superior, eu posso ajudar no desenvolvimento do quilombo”.

O Estudante da Comunidade Quilombola Trindade 3, Quilômetro 24 da Alça Viária, também do Município de Acará, Abraão conta que pela quinta vez fez o PSE: “É entrar nessa nova rotina, querer estudar e só o estudo dá novas oportunidades que tem para nós no momento, isso é importante para nós que somos jovens”.

                A Estudante da Comunidade Quilombola Tapuama do Baixo Acará, Ana Leticia, pela segunda vez participa do Processo Seletivo Especial para quilombolas. Para ela, o objetivo “é buscar um futuro melhor, onde a gente venha ter uma profissão ter uma qualidade de vida melhor”.

            Para Coordenadora de Igualdade de Gênero da MALUNGU, Valeria Carneiro diz que: “O processo seletivo especial para os Quilombolas, se soma aos instrumentos de lutas para o movimento quilombola do Estado do Para uma grande conquista que dá início no ano de 2013 quando tivemos os primeiros quilombolas turma a Ingressar”.

            Valeria afirma ainda que: “Entendendo as inúmeras dificuldades que nosso povo sempre enfrentou em um sistema de educação que não foi pensado para nós, decidimos reivindicar o ingresso a universidade por um processo diferenciado”.

            A liderança quilombola Valeria fala da importância dos quilombolas já formado e sua atuação no Território. Respalda que: “Hoje podemos contar com apoio de vários quilombolas nas diversas áreas, e atuando em seus territórios, somando as nossas lutas”.

Novo boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará

Novo boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará

Atenção surgiu novo casos de Covid-19 nos Quilombolas do Pará| Novo boletim da Covid-19 nos quilombos do ParáA Malungu e o Núcleo Sacaca/Ufopa divulgam o novo boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará, com *12 novos casos confirmados*. Sem apoio de órgãos oficiais de saúde, este boletim depende exclusivamente de informações fornecidas diariamente pelas próprias comunidades quilombolas. Por favor, nos informe qualquer tipo de ocorrência relacionada à Covid-19 na sua comunidade para que possamos continuar exigindo políticas de saúde para a população quilombola. Atualização: 23/08/2021

Tel/whatsapp: (91) 99211-5822

#CompartilheInformação

#CompartilheSaúde

#vidasquilombolasimportam

#Mulungu

#SACACA

#Artigo19

Novo boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará

A Malungu e o Núcleo Sacaca/Ufopa divulgam o novo boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará, com 9 novos casos confirmados. Sem apoio de órgãos oficiais de saúde, este boletim depende exclusivamente de informações fornecidas diariamente pelas próprias comunidades quilombolas. Por favor, nos informe qualquer tipo de ocorrência relacionada à Covid-19 na sua comunidade para que possamos continuar exigindo políticas de saúde para a população quilombola. Atualização: 26/07/2021

Tel/whatsapp: (91) 99211-5822

#CompartilheInformação

#CompartilheSaúde

#vidasquilombolasimportam

#mulungu

#artigo19

#SACACA

DIA DA MULHER NEGRA E O MULHERIO QUILOMBOLA DO BAIXO TOCANTINS

Por Emanuele Rodrigues 

            Coletivo de mulheres da Regional Tocantina, realizou uma roda de conversa online em alusão ao “julho das Pretas” e ao dia da Mulher Negra, com a temática: ‘Indentidade e Território, lutas e resistências de mulheres quilombolas do Baixo Tocantins’.  O encontro realizado no último dia 24, via plataforma Meet, com parceria com a CESE e Malungo-Pa contou com a presença de mulheres, lideranças quilombolas de comunidades da região de Cametá, Baião e Oeiras do Pará e Mocajuba.

            O resgate histórico e memória de Tereza de Benguela, importante liderança quilombola – através do 25 de julho – instituído como dia da mulher Negra e Caribenha, também serve para reconhecer as lutas diárias das mulheres negras e quilombolas. Durante o encontro, houveram trocas de vivências, experiências e relatos acerca do ser mulher e liderança dentro de uma sociedade machista e os papéis ocupados dentro do território. A compreensão e o autoidentificação enquanto mulheres quilombolas e o quanto isso é importante para o enriquecimento do mulherio negro e aumento do protagonismo das mesmas, foi um debate levantado durante a roda de conversa pela liderança Waldirene Cruz, da comunidade de Nova Esperança. 

            Dentro dessa perspectiva a conexão entre essas mulheres de diferentes comunidades quilombolas, mas com debates e pautas de trabalho tão parecidas ao abordarem temas como a independência financeira, empoderamento feminino, educação, saúde, beleza negra, religião, cultura, cantorias, resgate de costumes e vivências, uso e preservação de recursos naturais durante o encontro reafirma que as mulheres foram e continuam sendo fundamentais para a rExistência dos quilombos. 

            O incentivo de coletivos ou grupos de mulheres para trabalhar diversas temáticas dentro de cada comunidade auxilia o enfrentamento ao machismo e ao racismo que ainda é sentido e sofrido pelas mulheres quilombolas, bem como o seu empoderamento, foi o que defendeu a vice-presidente da Associação de remanescentes de Quilombo de Igarapé-Preto à Baixinha-ARQIB, Marinilva Martins.

            As mulheres que fazem parte do coletivo, receberão cursos e oficinas de Formação de liderança, entre outros para fortalecer os papéis que já vem sendo desempenhado por elas nos territórios. 

CANDIDATURA COLETIVA: ELEIÇÕES 2022

Movimento Quilombola elege as lideranças que o representará nas eleições de 2022 ao cargo de deputado federalAs lideranças eleitas foram: CLAUDIANA LÍRIO (Regional do Baixo Amazonas), JOSÉ CARLOS GALIZA (Regional Guajarina), IRACI NASCIMENTO (Regional Nordeste Paraense), MICELE SILVA (Regional Tocantina) e PROFESSOR ROSIVALDO (Regional Marajó).

O grupo eleito será acrescido ainda da participação de uma liderança POTMA (Povos Tradicionais de Matriz Africana). Com efeito, teremos uma chapa formada por 05 lideranças quilombolas e 01 POTMA, que nos representará através da pretensa candidatura coletiva nas eleições de dep. Federal em 2022.

O nome da liderança que encabeçará a chapa será eleito em Assembleia Geral do Coletivo UBUNTU em data ainda a ser definida. Esse ideário de candidatura coletiva é fruto das discussões do Coletivo UBUNTU, criado por lideranças do movimento QUILOMBOLA e movimento POTMA em 13 de agosto de 2020 diante da urgente necessidade de organização política do movimento negro em geral, na tentativa de garantir representatividade na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, ou seja, com o intuito de garantir representatividade nos espaços de Poder onde são discutidos temas de ordem política que afetam a vida do nosso povo negro/quilombola.

Boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará

A Malungu e o Núcleo Sacaca/Ufopa divulgam o novo boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará, com 3 novos casos confirmados. Sem apoio de órgãos oficiais de saúde, este boletim depende exclusivamente de informações fornecidas diariamente pelas próprias comunidades quilombolas. Por favor, nos informe qualquer tipo de ocorrência relacionada à Covid-19 na sua comunidade para que possamos continuar exigindo políticas de saúde para a população quilombola. Atualização: 08/07/2021.
Tel/whatsapp: (91) 99211-5822

#CompartilheInformação

#CompartilheSaúde

#vidasquilombolasimportam

#quilombolas

#SACACA

#artigo19

#malungu

Já temos Processo Seletivo Especial para Indígena e Quilombolas.

 As lutas são constantes neste período principalmente para garantia de direitos dos povos da Amazônia, em especial os Indígenas e Quilombolas. A nossa luta como a Coordenação das Associações Remanescentes de Quilombos do Pará – MALUNGU é que nenhum direito a menos, falte para os quilombolas.

            A MALUNGU parabeniza a UFPA que é sensível as lutas dos povos Indignas e quilombola do estado do Pará, reconhecendo os direitos dos remanescentes, atendendo a solicitação feita pela MALUNGU no dia 31 de maio 2021, pedindo a realização do PSE, em trecho do texto dizia que: “não realização do PSE quilombola feriria “a ferro e fogo” esse direito instituído pela RESOLUÇÃO Nº 4.309, DE 27 DE AGOSTO DE 2012, como política de ação afirmativa benéfica às nossas comunidades quilombolas”. E a UFPA mostrando-se que a educação é a chave para acesso ao combate a desigualdade, que todos/as quilombolas e indígenas são detetores de direitos através do PSE.

            A Malungu também é grata aos movimentos que apoiaram a luta, em especial os indígenas que sofreram das mesmas dores, e a ADQ que faz a luta acontecer em defesa dos estudantes na UFPA.

A UFPA através da sua Assessoria de Comunicação Institucional diz que:

“O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Universidade Federal do Pará (UFPA) aprovou, nesta terça-feira, 6 de julho, o edital do Processo Seletivo Especial para Indígenas e Quilombolas (PSE 2021-2). Serão abertas 336 vagas, sendo 168 para indígenas e 168 para quilombolas, em 84 ofertas de cursos em oito campi da UFPA. O edital será lançado no dia 9 de julho e as inscrições ocorrerão de 14 a 20 de julho de 2021. Não haverá pagamento de taxa de inscrição”.

“A seleção visa ao ingresso de indígenas e quilombolas em vagas destinadas a esse público ainda em 2021, apesar das dificuldades e limitações impostas pela pandemia. Como se trata de processo presencial, não foi possível prever a realização de provas no primeiro semestre, em decorrência da situação epidemiológica.

“O processo seletivo contará com duas etapas: uma prova de redação em Língua Portuguesa e uma entrevista, ambas classificatórias e eliminatórias. As provas do PSE 2021-2 serão realizadas em Altamira e Belém (para candidatos/as indígenas) e em Abaetetuba, Altamira, Belém, Cametá e Soure (para candidatos/as quilombolas). A prova de redação está prevista para o dia 8 de agosto e as entrevistas ocorrerão de 9 a 11 de setembro de 2021”.

O ingresso dos(as) estudantes está previsto para o 3o Período Letivo de 2021 (PL3), com início das atividades no dia 14 de outubro.

Inscrições – Para inscrição no PSE 2021-2, o(a) candidato(a) deverá comprovar seu pertencimento étnico na condição de indígena ou quilombola, sendo residente ou não em comunidade indígena (aldeia) ou comunidade quilombola (quilombo). As solicitações de inscrição serão on-line, pelo site do ceps.ufpa.br. No ato da inscrição, o(a) candidato(a) deverá indicar sua primeira opção de curso, podendo indicar também uma segunda opção entre os cursos oferecidos no PSE 2021-2. Quem não for aprovado(a) em sua primeira opção de curso e tiver indicado uma segunda opção concorrerá às vagas não preenchidas referentes a essa opção.

Candidatos(as) PcD devem informar, no momento da inscrição, em campo próprio, o tipo de atendimento compatível com a sua deficiência para a realização das provas.

“Após a inscrição via sistema, os(as) candidatos(a) ainda deverão enviar, até as 18h do dia 20 de julho de 2021, para o e-mail ceps@ufpa.br, o boleto/comprovante de inscrição e a Declaração de Pertencimento Étnico (conforme orientações do edital).

A documentação apresentada será analisada por uma comissão especial, composta por representantes de lideranças indígenas e quilombolas e docentes da UFPA. Não serão homologadas as inscrições de candidatos(as) que não apresentarem a documentação completa exigida. A publicação das inscrições homologadas ocorrerá até 27 de julho de 2021, no site do ceps.ufpa.br.”

Vacinação para todos os quilombolas: onde quer que estejam, é fundamental para conter a pandemia.


A pandemia de Covid-19 tem agravado sobremaneira a já precária situação das populações quilombolas no país, que historicamente enfrentam dificuldade de acesso aos serviços básicos de saúde, infraestrutura sanitária e racismo estrutural1. Durante os debates do Grupo de Trabalho Interinstitucional instituído à partir da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 742 (GTI-ADPF 742) impetrada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) em agosto de 2020, tem sido sistematicamente apontado por especialistas que a maior vulnerabilidade desses grupos tem levado a taxas de mortalidade mais altas que
a da população em geral, ensejando a decisão do STF de incluir os quilombolas entre os grupos prioritários no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid19 (PNO).


Segundo o Ministério da Saúde, já foram disponibilizadas aos estados as duas doses da vacina da AstraZeneca/Oxford para o contingente populacional quilombola estimado pelo IBGE2. Conquanto a CONAQ tenha informado diversas vezes ao governo federal que o número apresentado pelo IBGE subestima amplamente o real número de quilombolas
no país, a sociedade civil considera que é fundamental garantir que, pelo menos, esse número inicial seja totalmente aplicado na população designada, enquanto se aguarda a disponibilização de mais doses para que seja plenamente cumprido o mandato da ADPF 742.


O governo federal indicou no PNO que seriam priorizadas para imunização aquelas pessoas que têm maior risco de exposição ao vírus e maior mortalidade3 Enquanto é fundamental que os municípios avancem com a vacinação nas comunidades, conforme preconizado pela ABRASCO4, pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA)5 e previsto no PNO, é preciso reconhecer também que os quilombolas enfrentam diversas vulnerabilidades, seja em seus territórios, a maioria ainda não oficialmente demarcados, seja fora deles, para onde precisam se deslocar em busca de emprego, renda, educação, serviços de saúde, prestação de serviços às organizações comunitárias e mesmo proteção contra ameaças dos que tentam invadir e tomar suas terras, configurando um grupo no maior risco potencial de infecção e evolução para formas graves e óbitos onde quer que se encontre.


Lamentavelmente, a não realização do recenseamento demográfico de 2020, que seria o primeiro a incluir as populações quilombolas, faz com que seu real contingente permaneça ignorado pelas autoridades, embora suas necessidades sejam amplamente conhecidas das associações que os representam, que nem sempre encontram apoio em suas demandas ao executivo. No entanto, entendemos que a falta de informação sobre a população não deva significar seu abandono pelo Estado, uma vez que os dados levantados até o momento apontam que os quilombolas têm pelo menos o dobro de chance de morrer ao ser infectado pelo SARS-CoV-2 que a população em geral6.

Assim como as populações indígenas7, os quilombolas também se veem afetados pelos conflitos agrários e pela insegurança alimentar e nutricional em seus territórios e continuam a não ter o acesso à terra garantido, conforme determinado na Constituição Cidadã de 1988. Por outro lado, embora fora dos seus territórios, em sua maioria absoluta temporariamente, os quilombolas não deixam de manter seus vínculos com sua terra natal, suas tradições e de serem reconhecidos como tal por suas associações, devendo ter os mesmos direitos daqueles que conseguem permanecer em seus territórios.

Em termos comparativos, o Ministro Luiz Roberto Barroso, no âmbito da ADPF 709, já determinou a extensão imediata das ações do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS) às populações indígenas em terras não homologadas e em áreas urbanas, de forma a que não haja barreiras de acesso ao SUS uma vez que, especialmente no caso das populações indígenas e quilombolas, a localização geográfica dos indivíduos não guarda relação direta com a identidade étnica e os riscos sanitários7.


No mês em que o Brasil supera a triste marca de 500 mil mortos pela Covid-19, centenas de famílias quilombolas também já foram tocadas pela fatalidade. Este grupo, que já apresenta indicadores epidemiológicos piores do que os da população em geral, não pode continuar a ser vítima do desrespeito estatal8. A corrente fragilidade ou dificuldade
de pactuação e comunicação sobre as ações de vacinação entre os níveis federal, estadual e municipal deve ser urgentemente superada para garantir a atenção à saúde a população quilombola, onde quer que essa se encontre, cabendo ao governo federal o papel de coordenador e indutor de políticas que promovam a equidade e o fim do
racismo institucional.


Infelizmente, até o momento ainda não houve uma ampla campanha de informação sobre as medidas não farmacológicas de combate à Covid-19 e a importância da vacinação para os quilombolas, que sofrem constantemente com as fake News9 e a falta de transparência em alguns municípios sobre o seu calendário vacinal e os insumos especificamente disponíveis para eles Em face ao cenário atual no qual a pandemia ainda se encontra fora de controle no país e os insumos para imunização não estão disponíveis para toda a população, e diante da negativa de alguns municípios de atender às demandas das associações, recomendamos que todas e todos os quilombolas, independentemente de seu local de residência, sejam imediatamente incluídos na campanha de vacinação. Nesse processo, é fundamental que não sejam criados entraves burocráticos através de exigências documentais, e que
seja garantida a segunda dose respeitando os prazos estabelecidos no PNO.
Vacinas para todos e todas já!


Brasília, 21 de junho de 2021


Assinam esta nota:
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)
GTI em Defesa das Garantias e dos Direitos dos Povos Quilombolas e Contra o Racismo da Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE) ST Saúde da População Negra da Associação Brasileira dos/as Pesquisadores/as
Negros/as (ABPN).


1https://www.abrasco.org.br/site/noticias/a-situacao-dos-quilombos-do-brasil-e-oenfrentamento-a-pandemia-da-covid-19-artigo-de-hilton-p-silva-e-givania-msilva/52116/


2 Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Imunização
e Doenças Transmissíveis, Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações,
Oitavo Informe Técnico, 10ª Pauta de Distribuição.
3https://www.conasems.org.br/wpcontent/uploads/2021/01/1611078163793_Informe_Tecnico_da_Campanha_Nacional_de_Vacinacao_contra_a_Covid_19-1.pdf4 https://www.abrasco.org.br/site/noticias/como-cumprir-o-plano-devacinacao-entreas-comunidades-quilombolas/56287/5 http://www.portal.abant.org.br/2021/05/20/recomendacoes/
6https://www.ufam.edu.br/noticias-coronavirus/1524-amazonia-concentra-recordede-mortes-de-quilombolas-por-covid-19.html7https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiaisabrasco/vacinacao-para-todas-e-todos-os-indigenas-ja/55805/

8 Arruti, José Maurício et al. O impacto da Covid-19 sobre as comunidades quilombolas.
Informativos Desigualdades Raciais e Covid-19, AFRO-CEBRAP, n. 6, 2021.
9https://www.abrasco.org.br/site/gtracismoesaude/2021/03/04/epidemia-de-noticiasfalsas-atrapalha-a-imunizacao-contra-a-covid-19-artig

Boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará

A Malungu e o Núcleo Sacaca/Ufopa divulgam o novo boletim da Covid-19 nos quilombos do Pará, com 35 novos casos confirmados, 12 novos casos suspeitos e 1 novo óbito provocados pela doença. Sem apoio de órgãos oficiais de saúde, este boletim depende exclusivamente de informações fornecidas diariamente pelas próprias comunidades quilombolas. Por favor, nos informe qualquer tipo de ocorrência relacionada à Covid-19 na sua comunidade para que possamos continuar exigindo políticas de saúde para a população quilombola. Última atualização do dia 24 de abril de 2021.

Tel/whatsapp: (91) 99211-5822

#CompartilheInformação
#CompartilheSaúde ⠀
#vacinaquilombolasja
#vidasquilombolasimportam
#malungu
#sacaca
#artigo19